
Após inúmeras tentativas de negociação entre policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e Lindemberg, o seqüestro teve um final trágico. Depois de ouvir um suposto tiro no início da noite dessa sexta-feira, 17, os agentes do Gate explodiram a porta do apartamento e invadiram o local. Ao que tudo indica, ao ver os policiais entrando, Lindemberg disparou cinco tiros. Dois atingiram a ex-namorada, um na cabeça outra na altura do quadril, um atingiu a amiga da jovem, Nayara Silva, 15 anos, perfurando a mão e a boca e dois foram na direção dos policiais.
O final trágico poderia ter sido evitado, pelo menos com relação à jovem Nayara e sua família. A adolescente que já havia sido libertada no segundo dia do seqüestro foi chamada para “ajudar nas negociações para acalmar” Lindemberg.
Não sou especialista em segurança, mas nunca vi nada parecido. Onde já se viu trazer uma pessoa que foi refém, para ajudar nas negociações e ainda por cima não tomar nenhuma precaução permitindo que a pessoa retorne ao local do crime e volte a ser refém novamente? Repito, nunca vi nenhuma atitude tão amadora e inconseqüente dessas, nem em filme nem em novela.
Um dia após o desfecho trágico do seqüestro, o coronel, Eduardo José Félix, que é comandante da tropa de choque em São Paulo, tentou tirar a responsabilidade da polícia no retorno da jovem Nayara ao local do crime, durante uma coletiva de imprensa. Segundo Félix, a adolescente teria retornado ao local com “autorização da mãe” para ajudar nas negociações e sua presença seria exigência do seqüestrador.
“O combinado era que ela fosse até o primeiro andar e tentasse convencer o Lindemberg a se render. Mas ela resolveu subir até o apartamento e não pudemos fazer nada”, alegou o coronel.
Questionado pelos jornalistas se a polícia não pensou que a vida da jovem estaria em risco, o coronel Félix, afirmou que a situação estava “sob-controle”.
“Nós fizemos de tudo para preservar a vida dos três. Eu tenho três filhos e encarei aquela ocorrência como se um deles estivesse naquela situação. Eu colocaria o meu filho no lugar da Nayara”, declarou.
O que considero, a única trapalhada da polícia nas negociações poderia ter custado à vida da estudante Nayara. Por sorte, a adolescente, que passou por uma cirurgia e permanece internada no hospital, não corre risco de morte. Nayara provou ser uma jovem corajosa e foi heroína por ter ficado ao lado da amiga que infelizmente morreu. Mas em minha opinião, isso não tira a culpa da polícia em ter permitido que a estudante retornasse ao local do crime.
Que esse caso sirva de lição para que os agentes do Gate revejam suas ações e estratégias de negociação em outros casos parecidos. E que, desta forma, a vida de pessoas inocentes não seja colocada em risco novamente.
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