
Mais especificamente no caso do seqüestro em Santo André, até que ponto foi certo e ético, da parte de alguns jornalistas, “atravessar” os negociadores profissionais da polícia e entrar em contato por telefone com o criminoso? O que isso acrescenta na informação, o que isso traz de benefício para o desfecho pacífico do caso?
Sem querer analisar as estratégias de negociação dos policiais do Gate, entendo que a imprensa que participou da cobertura desse caso, deveria ter pensado que, da mesma forma que milhões de pessoas no Brasil acompanharam as imagens do caso pela tevê, o próprio Lindemberg pode ter sido “informado” de tudo que estava acontecendo do lado de fora do apartamento.
Lindemberg pode ter obtido com uma “ajudinha” da mídia, informações como, uma noção da quantidade de policiais que estavam no caso, onde esses agentes estavam posicionados além de outras estratégias que deveriam ser sigilosas, principalmente para o criminoso e também para o êxito da operação.
Posso estar enganado, mas enxergo esses casos, como uma tentativa inconseqüente de brigar por audiência. Não interessa se isso pode atrapalhar as negociações, se pode expor a família dos envolvidos no caso, nem se a vida de inocentes pode estar em risco.
Um dia após o final trágico do seqüestro em Santo André, o coronel, Eduardo José Félix, que é comandante da tropa de choque em São Paulo, afirmou durante uma coletiva de imprensa, que a polícia não pensou na possibilidade de utilizar os atiradores de elite para matar o seqüestrador pois sabia que a ação receberia críticas por parte da imprensa.
“Se tivéssemos atirado no Lindemberg, os senhores (jornalistas) fatalmente estariam hoje aqui nos criticando. Perguntariam por que atiramos num garoto de 22 anos em crise com a ex-namorada e que estava fazendo algo que poderia se arrepender para o resto da vida”, afirmou.
Longe de querer fazer qualquer tipo de censura, acredito apenas, que a imprensa deve se lembrar da responsabilidade que tem de repassar as informações à sociedade, e de que forma isso deve acontecer. Uma coisa é divulgar um crime, outra é ficar com várias câmeras, 24 horas por dia mostrando tudo o que está acontecendo, correndo o risco de prejudicar o trabalho da polícia.
2 comentários:
O pior é que esse tipo de situação acontece todos os dias, e coontinuará se repetindo porque enquanto o sensacionalimo vender, as emissoras de tv continuarão trocando sua missão de informar para "atrapalhar" a ação da polícia.
A mídia tem sim que ser controlada pelo Estado na sua total falta de princípios quando da cobertura de casos sensíveis como esse.
Da mesma forma, não tem que cobrir, de forma espetacular, a prisão de suspeitos. Isso tudo só vem a atrapalhar a ação policial.
O interesse da sociedade, que somos nós, é na nossa proteção, e é o que deve ser mais preservado nessas ações.
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