terça-feira, 8 de julho de 2008

Dizem que ela existe pra ajudar, dizem que ela existe pra proteger...


“Servir e proteger”, esse é o lema da Polícia Militar (PM). Pelo menos, deveria ser. Não foi o que vimos no último domingo, 6 de julho, no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ). Ao participar de uma perseguição à bandidos, uma viatura da PMRJ cometeu o que foi classificado pelo secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, como “ação desastrosa”.

Após perceber que um carro passava em alta velocidade e logo atrás vinha a viatura de polícia, a dona de casa, Alessandra Amorim Soares, fez o que qualquer pessoa é orientada, e até obrigada a fazer. Encostou o seu carro para não atrapalhar a perseguição. Porém, o que seria apenas uma volta “tranqüila” à casa, após uma festinha infantil com os dois filhos de 3 anos e 9 meses se transformou num pesadelo.

Ao parar, Alessandra teve seu carro atingido por vários disparos, segundo a perícia, pelo menos 15. Sem entender o que acontecia, e numa atitude desesperada de tentar alertar os policias que haviam crianças no carro, Alessandra abriu a janela e jogou a bolsa da criança para fora do automóvel. Porém, nada disso adiantou e o pior já havia acontecido.

João Roberto Amorim Soares, de 3 anos, foi atingido por um tiro na cabeça e horas depois teve, já no hospital, a morte cerebral constatada. Ao saber do ocorrido, o pai da criança, Paulo Roberto Barbosa Soares se desesperou. “Eu sou taxista, saio aos domingos para juntar um dinheiro para fazer a festa do meu filho. Eu nunca ia imaginar que eles iam executar minha família. Um carro preto passou pela minha mulher a 'mil' quilômetros por hora, ela encostou o carro como qualquer um faria para dar a vez à policia, (mas) eles não seguiram o carro, eles pararam, fecharam a minha espora e metralharam o carro, com uma mulher e duas crianças”, desabafou, na porta do hospital.

Mais uma vítima, mais um João

Há pouco mais de um ano, outra criança, outro João, o João Hélio, de 6 anos, foi brutalmente assassinado ao ser arrastado por bandidos após um assalto também no Rio de Janeiro. A diferença é que naquele caso, a violência veio de quem anda contra as leis e não de quem deveria servir e proteger.

Os policiais envolvidos no caso do João Roberto Soares estão presos e, segundo o governador do Rio, Sérgio Cabral, serão expulsos da corporação e julgados pelo crime. Mas será que só isso é suficiente? O curso de formação de um policial no estado do Rio, dura três meses. Será que esse tempo é adequando, será que o treinamento está sendo feito da forma correta? Porque os policiais chegaram atirando ao invés de abordar da forma correta e segura?

Muitas perguntas e uma triste realidade. O inocente menino João Roberto, não foi a primeira vítima dessa absurda violência e infelizmente não será a última.

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